O A vitória em si mesma não é a meta principal do Karatê Tradicional. O Karatê Tradicional é uma arte de defesa pessoal que usa o corpo humano na sua forma mais efetiva. Basicamente utiliza técnicas de bloqueio, golpe e combinação com outros movimentos. "Por meio do Karatê Tradicional, o ser humano adquire os meios para manter e melhorar suas habilidades mentais e físicas. Por meio da busca ilimitada de um aperfeiçoamento técnico, se chega ao melhoramento completo da habilidade humana.
Não obstante que os graus ou níveis alcançados são finitos por definição, a busca do desenvolvimento no Karatê Tradicional não tem limites. A capacidade humana para crescer e o potencial para desenvolver são fronteiras que demandam nossa exploração contínua.
HISTÓRIA DO KARATÊ TRADICIONAL
O Karatê Tradicional alcançou sua forma final, tal qual como conhecido no mundo moderno ao redor de 1930, no Japão. Suas bases técnicas porém, se iniciaram muito antes, com o TO-DE, a arte de Lutas sem armas, desenvolvida em Okinawa no Japão, O TO-DE surgiu quando o governo da referida província impediu a sua população a posse de qualquer tipo de arma.
Por sua vez o TO-DE de Okinawa, se baseou na técnica de luta chinesa conhecida como CHUAN-FA, cujas origens se remontam a mais de mil anos. Acredita-se que a arte de lula denominada NAN-PEI-CHUN, desenvolvida na província chinesa de FUKIEN, teve a maior influência no desenvolvimento do TO-DE.
Quando se fundiram as bases técnicas do TO-DE, à filosofia das artes marciais, o resultado foi o Karatê Tradicional. Isto ocorreu por volta do ano de 1600, quando várias artes de luta japonesa uniram sua filosofia e princípios técnicos. Esta fusão das artes de luta dentro da arte marcial, deu lugar ao princípio do Budô. Com ele surgiu a meta da busca constantemente até as formas mais elevadas do desenvolvimento humano. Existe uma diversidade de estilos ou escolas de ensino do Karatê Tradicional. De qualquer forma, todas elas se dividem em duas grandes linhas, ou seja: SHURI-TÉ (inclusive o TOMARI-TÊ) e NAHA-TÊ,
O SHURI-TÊ se desenvolveu em uma parte chamada SHURI de Okinawa (atualmente uma parte da cidade de NAHA). A SHURI-TÊ se baseava no CHUAN-FA chinês da era de 1400 A.C, e consequentemente se desenvolveu de sua própria maneira, sob as condições políticas e geográficas imperantes na Okinawa daquela época.
As origens do NAHA-TÊ se remontam ao NAN-PEI-CHUN do ano de 1900, introduzida desde Fukien, China, na área de Naha, em Okinawa.
DIFERENÇA ENTRE O KARATÊ TRADICIONAL E OS "NOVOS KARATÊS "
O Karatê Tradicional, que é o Karate Original se desenvolveu no Japão como uma arte marcial. Em termos técnicos, o Karatê Tradicional se baseia no conceito técnico do golpe definitivo, o qual se define como a técnica suficiente para destruir um atacante em ofensiva.
Em harmonia com outras técnicas relacionadas, o golpe definitivo integra todo o poder do corpo para centralizá-lo em uma área determinada.
Nas competições do Karatê Tradicional tudo se baseia na arte da defesa pessoal. Por exemplo, só se reconhece a técnica do golpe definitivo para contar a pontuação. Inclusive de acordo com o princípio de que o golpe definitivo não oferece uma segunda oportunidade, os combates dentro do Karatê Tradicional, são um só ponto. Portanto, as ações descuidadas as técnicas inadequadas são minimizadas devido as bases da regra a um só ponto.
Em se tratando de uma arte de defesa pessoal, o tamanho do adversário não é considerado, é portanto irrelevante, os princípios de defesa pessoal exige a preparação adequada para defender-se contra qualquer adversário, sem se importar com seu tamanho, qualquer que sejam as circunstâncias, o adversário pode ser maior.
Como uma arte de competição, o Karatê Tradicional se vale da competição como um meio para aumentar o treinamento e o desenvolvimento humano, através do melhoramento da estabilidade emocional, da disciplina mental e do respeito. Unidas, estas metas constituem a base das regras do Karatê Tradicional.
Os novos Karatês se desenvolveram com base no Karatê Tradicional do Japão. Estes novos Karatês têm suas técnicas e orientações derivadas das bases do chuta com pé e golpes do Karatê Tradicional. Ainda que em aparência sejam similares, os novos Karatês realizaram algumas modificações cruciais, talvez a mais profunda alteração foi a ênfase a filosofia de uma arte marcial de defesa pessoal, até um jogo de pontapés múltiplos, baseando em golpes e patadas.
Por exemplo, é do conhecimento geral, que os novos karatês incorporam o chute com pé e o golpe em um sentido mais amplo. Os pontos concedidos se outorgavam as mãos e pés mais rápidos que alcançassem o objetivo. Ante tais circunstâncias, o golpe definitivo deixava de ser um requisito. Como resultado, a aplicação da força de impacto por meio da açâo integral do corpo não era necessária.
Ainda a medida de movimentos corporais se estabeleceu como um dos aspectos mais importantes. Traçando um paralelo a dinâmica corporal do karatê Tradicional, se opunha por completo à dinâmica dos novos Karatês.
Por não terem os mesmos requisitos do golpe definitivo, os novos karatês têm suas regras de luta baseadas mais no sistema de qualificação de pontuação múltipla, que podem ser de três ou seis pontos e meio.
O Karatê Tradicional se baseia na arte de defesa pessoal, e considerando-se o tamanho do adversário irrelevante, daí não haver a divisão de categorias por peso. Por seu lado, os novos Karatês se consideram mais como um esporte do que como uma arte marcial, Por esta razão, dentre os novos karatês, há um que tem sete categorias de peso.Na década passada houve um aumento considerável na popularidade do karatê por todo o mundo. Entre aqueles que têm sido atraídos pelo karatê, estão os estudantes e professores, artistas, empresários, funcionários públicos, tendo sido praticado por policiais e pelos membros da força de autodefesa japonesa. Em algumas universidades o karatê tem se tornado matéria obrigatória, e esse número vêm crescendo anualmente.
Junto com o aumento de popularidade houve infelizes e lamentáveis interpretações sobre o karatê, confundido com o chamado estilo chinês de boxear, e o relacionamento com o original Okinawa Te não foi satisfatoriamente entendido. Existiram também pessoas que consideravam o karatê como um mero show, onde dois homens atacam um ao outro barbaramente. Como era a forma de boxear no qual os pés eram usados, ou ainda um homem exibia-se quebrando blocos ou outros objetos resistentes, com a cabeça, mãos e pés. Se Karatê é praticado unicamente como uma luta técnica, este é um motivo por lamentar. As técnicas fundamentais têm sido desenvolvidas e aperfeiçoadas através de longos anos de estudo e prática, mas para o uso dessas técnicas fazer algum efeito, o aspecto espiritual dessa arte de autodefesa precisa ser reconhecido e deve-se seguir as regras predominantes (obrigatória). É gratificante ver que há quem entenda isso, quem sabe que karatê é puramente arte marcial oriental, e quem treinam com atitude correta (apropriada).
Ser capaz de derrotar um oponente com um golpe de punho ou um simples treino de corpo e do espírito e, acima de tudo, seu oponente deve ser tratado com a devida cortesia. Chute é o objetivo dos antigos mestres de arte marcial de Okinawa, mas até os experientes profissionais liberais dão maior ênfase ao lado espiritual do que ao lado técnico da arte. Treinamento significa, não é suficiente lutar com toda sua potência (capacidade), o verdadeiro objetivo do karatê - dô é fazer tudo pelo bem da justiça.
Gichin Funakoshi, um grande mestre do karatê - dô, destacado várias vezes que sua primeira finalidade na dedicação dessa arte foi a educação de uma espírito nobre, um espírito humilde. Simultaneamente desenvolveu força suficiente para destruir um animal feroz com um simples golpe. Torna-se um verdadeiro seguidor do karatê - dô é possível apenas quando se alcança a perfeição nesses dois aspectos, no espiritual e no físico.
Karatê como uma arte de autodefesa e karatê como um significado de aperfeiçoamento e conservação da saúde há muito existe. Há 20 anos atrás, uma nova atividade tem sido explorada e está vindo com força total, e o karatê como esporte.
No karatê como esporte, competidores são julgados com a finalidade de determinar (decidir) a habilidade dos participantes. Preciso ressaltar mais uma vez que é lastimável. Existe uma tendência a colocação em destaque no competidor vencedor, e quem não dar a devida atenção à prática dos fundamentos técnicos, optando em vez de na tentativa de Jiy Kumitê em oportunidade prematura.
Destacar um vencedor é inevitável, mas altera o envolvimento de uma pessoa no uso e na prática de técnicas de fundamento. Não apenas que, irá resultar num ser incapaz de executar técnicas com poder e eficiência, o qual, afinal de contas é a característica especificada Karatê - Dô. O homem que começa Jiy Kumitê prematuramente, sem ter praticado fundamentos suficientes, logo será ultrapassado por aquele que tem treinado as técnicas básicas, constantes e aplicadamente. É bastante simples, a pressa é inimiga da perfeição. Não há alternativas para aprender e praticar técnicas básicas e movimentos, será degrau por degrau e estágio por estágio.
As competições de karatê são para conservar. Elas devem ser convenientemente conduzidas condicional e espiritualmente. A vontade de vencer um oponente é contra produtivo (aconselhável), desde que resulte por falta de seriedade no aprendizado de fundamentos. Além disso, pretender mostrar selvagemente poder e força em uma luta é totalmente indesejável. Quando isso acontece, a cortesia (obrigatória) dirigida ao oponente é esquecida, e isso é de extrema importância em algumas expressões do karatê. Acredito que essa questão, merece muita reflexão e auto-avaliação de ambas as partes, instrutores e alunos.
Para explicar os muitos complexos movimentos do corpo, tem sido meu desejo apresentar um livro repleto de ilustração com um texto moderno (atualizado) baseado na experiência que eu adquiri dessa arte, por mais de 46 anos. Este deseja está sendo realizado pela publicação de série (Melhor forma do Karatê), no qual meus escritos tenham sido totalmente revisados com a ajuda e encorajamento de meus leitores. Essa nova série explica em detalhes o que é Karatê-Dô, na linguagem mais simples quanto possível, e espero sinceramente que seja de ajuda para os seguidores do Karatê-Dô. Desejo também que os Karatecas em todos os países (mundo) sejam capazes de entenderem-se (um ao outro) melhor através dessa série de livros.
KARATÊ – ORIGEM E FILOSOFIA
Desde os tempos mais remotos, já existem registrados, na história, indício da veneração do homem pela guerra. Praticavam-se danças e rituais cheios de simbolismos e técnicas guerreiras. Uma das mais antigas técnicas de combate que já existiu no mundo é o Vajramushti, que se originou na Índia e era ensinada aos filhos dos nobres, como Bodhidharma, que antes de se tornar um monge, era um príncipe e a aprendeu de seu pai.
No século VI, Bodhidharma cruzou o Himalaia, numa longa viagem a pé, e alcançou o templo Shaalim, na China, com a finalidade de fundar, ali, a sua escola de Zen-Budismo, que é uma interpretação do budismo. Visa levar o homem ao auto-conhecimento, através de longas meditações. Encontrando os monges, daquele mosteiro, em precárias condições físicas, não podendo suportar as várias horas de meditações, Bodhidharma resolveu ensinar aos monges a prática do Vajramushti, para fortalecer o corpo, tornando-os aptos as meditações. O Jajramushti era uma técnica de exercícios em que usava-se mais as mãos, devido aos seus praticantes terem um pouco atrofiados os seus membros inferiores, em decorrência das muitas horas de meditações em que permaneciam sentados, imóveis. Com essa prática, os monges melhoraram, consideravelmente sua forma física. Mais tarde foi adaptada a essa forma de exercício, a antiga arte marcial chinesa do Kung Fu que, segundo a lenda, se originou a partir da observação de animais, dando origem ao Shorim-Ji_Kempo. Nesta poderosa arte marcial, eram praticados exercícios de desenvolvimento físico, assim como os treinamentos espirituais, ou seja, era a fusão da guerra com a religião.
Em 1470, a ilha de de Okinawa foi denominada pelos chineses, que, temendo atos revoltosos, proibiram o uso de armas aos seus habitantes. Estes passaram a desenvolver um meio de defesa com o uso do próprio corpo. Com o conhecimento das artes marciais da China, esse sistema de defesa foi, pouco a pouco, se desenvolvendo. Quando Okinawa foi conquistado pelo Japão, o uso de armas foi mais rigorosamente proibido, porém, os nativos passaram a praticar secretamente a sua arte marcial, que, à época era conhecida com TÊ. Mais tarde, com a guerra do Japão com a China, essa arte modificou suas características chinesas, para a forma japonesa. Passou a chamar-se KARATÊ, que significa mãos vazias. Foi Gichin Funakoshi quem adaptou o karatê arte marcial, para o karatê esporte, sendo o responsável pela sua rápida difusão no resto do mundo. Foi Funakoshi quem criou o estilo shotokan.
O que não se deve esquecer são os verdadeiros objetivos do karatê, que, geralmente, têm sido negligenciados. Têm-se dado importância, puramente à parte física e ao aspecto de defesa pessoal dessa arte. O karatê tem como principal objetivo, levar o homem ao domínio de si mesmo. A expressão “arte marcial” tem significado de arte guerreira. Marcial vem de Marte, o Deus romano da guerra, irmão de Minerva, Deusa da Sabedoria. O verdadeiro guerreiro é aquele que vence a si próprio, daí o significado de arte marcial ser a guerra que o individuo deve travar contra si próprio, até atingir o mais auto grau de conhecimento, ou seja, conhecer a si próprio. Através do corpo se conhece o espírito. O espírito, segundo as principais filosofias orientais, é essencialmente perfeito, por isso, o corpo que atinge a perfeição de movimentos, torna-se a expressão do próprio espírito. Quando, a mil e quinhentos anos atrás, o velho monge chegou à China, não tinha interesses comerciais ou de qualquer outra espécie, a não ser o de difundir a arte de chegar a Deus, e a poderosa arte, ancestral de nosso atual Karatê, não tinha qualquer finalidade como a de proporcionar troféus, medalhas ou fama aos seus praticantes, mas, apenas, cumprir a finalidade de Criador. Através da descoberta do seu infinito potencial, o homem descobre a Deus que está presente em seu próprio ser e aprende a respeitar o Deus presente em todos os semelhantes e em toda natureza,tornando-se Uno com o universo.
AS ORIGENS CHINESAS: KEMPO
As origens do Karatê-do podem ser pesquisadas através dos séculos, chegando até o Japão Moderno, via Okinawa, provenientes da China e provavelmente da Índia, a partir do quarto e quinto século A .C. .
Parte das informações existentes estão documentadas, embora em sua maioria resumam-se em mitos e relatos romanceados, sem comprovação formal.
A tradição relata que uma das formas de luta que mais influenciou na formação do Karatê-do nasceu na China, cerca de 3.000 anos atrás, durante o período SHU, quando o distrito do RIO AMARELO (CHINA) foi unificado. Este tipo de arte marcial, chamada CHU’UAN-FA, ou KEMPO em japonês (o caminho do punho) é ilustrada no KANSHO, antigo livro chinês com registros de textos e figuras/
Durante o período da Dinastia TANG (618 – 907 DC) quando a China conheceu uma época de grande prosperidade e desenvolvimento, o KEMPO recebeu um grande impulso, tornando-se o esporte mais popular, com grandes torneios e campeonatos, sendo organizados em cada vilarejo das províncias, e até mesmo em áreas próprias dentro do Palácio Imperial, sendo que os vencedores das competições principais eram premiados dentro do Palácio, pelo próprio imperador, e gozavam de grande prestigio popular.
A lenda conta que há cerda de 1.400 anos (+ou- 520 DC) um monge budista chamado BODHIDHARMA (DARUMA em japonês) saiu de um pequeno reinado no sul da Índia, onde era o 3º príncipe na sucessão do rei, dirigindo-se para a China, onde chegou ao templo ou mosteiro de SHAOLIN-SZU (SHORIN-JI em japonês) nas montanhas HAO SHAN, província do HU-NAN. Ele era também o 28º descendente de SHAKA (ou SHASON), o fundador do budismo, tendo-lhe sido atribuído a criação do Zen-Budismo e o desenvolvimento de uma forma de treinamento físico que se tornaria a base do KUNG-FU e do Karatê-do. Este treinamento foi desenvolvido objetivando superar as necessidades de resistência física e mental requeridas para os rigorosos testes e provas de desenvolvimento físico e espiritual exigidos aos monges, seus seguidores, e englobava uma combinação das técnicas de respiração da YOGA, proveniente da Índia, e das técnicas de combate sem armas, naturais da China, conhecidas como KEMPO.
Como resultado de tais métodos de treinamento, os monges do mosteiro de SHAOLIN-SZU vieram a torna-se famosos em toda a China por suas qualidades de lutadores bem como por seus conhecimentos de budismo.
Em virtude de sua religião proibir o uso de armas, os monges desenvolveram técnicas específicas de combate com as mãos vazias, as quais ficam conhecidas como SHORINJI KEMPO, cujos movimentos fluídos, basicamente efetuados com as mãos abertas, eram inspirados na filosofia ZEN de não violência e harmonia, e desenvolvidas a partir da observação das posturas de luta de diversos animais tais como o tigre, a serpente, o macaco, a garça, o urso, etc., além de também incluírem métodos de combate utilizando “armas naturais” tais como a BO, bastão utilizado pelos monges para auxilia-los como bengalas, nas longas caminhadas de suas peregrinações.
Como os chineses eram bastante evoluídos no campo de medicina, com suas curas por acupuntura demonstrando um profundo conhecimento dos diversos centros nervosos do corpo humano, veio o SHORINJI KEMPO a beneficiar-se bastante com estes conhecimentos, com o direcionamento da aplicação de suas técnicas de luta para atingir estes pontos vulneráveis do atacante ou adversário.
À medida que estas técnicas de combate difundiam-se pelas diversas regiões da China, iam gradualmente assumindo formas diferentes de acordo com as condições locais regionais, ou seja, no sul os pequenos e fortes agricultores (lavradores) com seus músculos superiores bastante desenvolvidos, naturalmente deram mais ênfase ao desenvolvimento de técnicas com a utilização dos braços e da cabeça; em contraste com os nômades cavaleiros do sul da China, os quais tendo desenvolvido pernas bastante fortes, deram preferência aos golpes com as pernas e saltos. Nesta época começas a aparecer e se definir as diferenças que deram origem aos diferentes de Kung-Fu e de Karatê-do, salientando-se que foram os estilos do da norte da China que estimularam bastante o desenvolvimento do karatê da vizinha Coréia, o TAE-KWOU-DO.
Embora constatado historicamente de que efetivamente o mosteiro de SHAOLIN-SZU tenha existido, e sido efetivamente destruído e queimado por duas vezes, não há prova positiva da real existência de BODHIDHARMA, razão pela qual alguns historiadores acreditam ser apenas mais uma das estórias, ou invenção literária criada para satisfazer a tradição chinesa de ter sempre uma estória para explicar determinados fatos ou costumes; enquanto que outros pensam ser apenas uma imagem caleidoscópica ou almagâmica de uma série de personagens que vieram a contribuir para o desenvolvimento do ZEN e do KEMPO chinês, dentro do período de sua florescência, com a creiação do ZEN-BUDISMO e do SHORINJI KEMPO.
O DESENVOLVIMENTO DO KARATÊ EM OKINAWA.
Situado no sul do Japão, entre este país e TAIWAN (FORMOSA), localiza-se o arquipélago das ilhas KYU, das quais a maior e mais importante é a ilha OKINAWA, com a qual a China estabeleceu relações comerciais desde o período da dinastia SUI (+ou– 607 DC).
Por volta de 1340 OKINAWA foi dividida em 3 (três) grandes reinados rivais, e em 1372 o rei SATSUDO, do maior destes reinados, firmou acordo de dependência com a China tornando-se vassalo do imperador MING. Como resultado desse acordo a partir de 1392 diversas famílias chinesas emigraram para OKINAWA, introduzindo o KEMPO nas ilhas do arquipélago, além de transmitir as tradições e conhecimentos chineses quanto à navegação, construção de navios, administração, fabricação de papel, tintas e pinceis, trabalhos com cerâmicas, lacas e sedas.
Em 1429 OKINAWA foi unificada em um único reinado, sob o comando do rei SHOHASHI dando início à primeira dinastia SHO, que estabeleceu o marco inicial de um período de grande desenvolvimento comercial e de grande prosperidade.
O intercâmbio promovido à partir de então, através dos marinheiros e comerciantes de OKINAWA em visita a diversas partes da ASIA e a ampliação das atividades comerciais com a Coréia, Java, Sumatra, Arábia e Málaca, são fatos considerados como fundamentais na história do desenvolvimento das artes marciais em OKINAWA.
Após o término da primeira dinastia SHO (em 1470) e depois de um período de turbulência política, estabeleceu-se em 1477 uma nova dinastia SHO, com o novo rei (SHO SHIN) tendo de enfrentar diversos chefes guerreiros revoltosos, que estavam firmemente entrincheirados em seus castelos, situados em diversas regiões da ilha.
Como parte de sua estratégia de combate aos revoltosos e domínio completo da ilha, proibiu o porte de armas (basicamente punhais e espadas) e ordenou o recolhimento de todas as armas ao castelo real de SHURI, além de obrigar a todos os nobres a viverem próximos ao castelo, na capital real. Estas medidas geram uma enorme insatisfação popular, contribuindo enormemente para dar um tremendo impulso no desenvolvimento das artes marciais de lutas com as mãos vazias (sem armas).
Como parte de sua estratégia de combate aos revoltosos e domínio completo da ilha, proibiu o porte de armas (basicamente punhais e espadas) e ordenou o recolhimento de todas as armas ao castelo real de SHURI, além de obrigar a todos os nobres a viverem próximos ao castelo, na capital real. Estas medidas geram uma enorme insatisfação popular, contribuindo enormemente para dar um tremendo impulso no desenvolvimento das artes marciais de lutas com as mãos vazias (sem armas).
A “era de ouro” de OKINAWA continuou em franco desenvolvimento até 1609 quando as ilhas do arquipélago RYU KYU foram invadidas e denominadas pelas tropas japonesas do SHOGUN SHIMAZU do clã SATSUMA; que as anexaram ao seu domínio.
Os japoneses mantiveram as proibições de porte de armas para os habitantes das ilhas, e mantiveram a nobreza limitada a viver na cidade de SHURI, enquanto que aos samurais e soldados japoneses era permitido portar suas armas, tendo também sido proibido o treinamento de artes marciais.
Como resultado de tal situação, os habitantes de OKINAWA passaram a exercitar-se de forma clandestina na arte de lutar com as mãos vazias, alcançando um grau de extrema eficácia, desenvolvendo em paralelo técnicas de utilização de implementos agrícolas como armas de defesa contra as espadas dos samurais.
Os diferentes estilos de luta começaram a tomar formas definidas, e o que era anteriormente conhecido de um forma geral como OKINAWA-TE (TE significando MÃO), ou simplesmente TE, a partir do início do século 18 desmenbrou-se em 3 grandes estilos ou método de treinamento identificados com as três principais cidades onde estes estilos foram desenvolvidos e influenciados por diferentes tradições chinesas.
Desta forma, o TE desenvolvido na cidade de SHURI tornou-se SHURI-TE, dando ênfase aos aspectos exteriores de velocidade, flexibilidade e força (este estilo deu origem ao atual SHORIN-RYU). Em NAHA, o NAHA-TE era praticado com ênfase aos aspectos “inferiores”, tais como Ki (espírito), respiração, coordenação e contração (força interior), vindo a dar origem ao atual GOJU-RYU.
O SHURI-TE era basicamente ofensivo e o NAHA-TE defensivo, inclusive adotando técnicas de segurar e derrubar adversários.
Em TOMARI, desenvolvia-se o TOMARI-TE, voltado tanto aos aspectos “exteriores” quanto “interiores”, vindo a unir-se posteriormente ao SHURI-TE e dando origem ao SHORIN-RYU.
Os diversos mestres de TE começaram também a dar grande ênfase ao uso de armas em seus treinamentos, mas não as armas originárias da China e que acompanhavam os treinamentos de KEMPO (ou de TANG TE como era conhecido), mas sim com as novas armas adaptadas dos utensílios de trabalho no campo, incorporando-se às técnicas básicas de treinamento.
Como a vestimenta tradicional dos soldados japoneses era a armadura de madeira com peça de bambu, atingir um golpe eficiente com as mãos nuas, sem armas, exigia um excepcional condicionamento das mãos e dos pés, que somente era conseguido com extenuante treinamentos no MAKIWARA.